Em muitos desportos profissionais, a homossexualidade foi, historicamente, tratada como um tabu, sobretudo nas disciplinas em que predominam as equipas masculinas. Os jogadores são vistos como grandes exemplos de masculinidade, vendo-se envolvidos num ambiente machista e com comportamentos tóxicos que apenas retroalimentam a necessidade de mudança e visibilidade, tanto nos desportos, como nas restantes áreas da vida.
A importância da “saída do armário” nos desportos, assim como em qualquer área da vida, é fundamental para dar visibilidade a todas as pessoas sem ter em conta a sua orientação sexual. Criar espaços seguros, diversificados, abertos e respeitosos é algo essencial para que haja menos agressões homofóbicas e a sociedade possa avançar rumo a um futuro onde o medo de se assumir seja apenas uma recordação do passado.
O caso do futebol profissional
Neste desporto acontece algo peculiar e é mais habitual para as mulheres expressarem a sua orientação sexual do que para os homens. Além disso, socialmente e no seio da própria equipa, há uma maior tolerância. O motivo deste receio é uma incógnita. Apesar de estar mais normalizado no caso das desportistas, no nosso país, não temos tido casos conhecidos.
O futebol é um dos desportos socialmente mais vistos como masculino e um em que a homossexualidade está bastante escondida. Tanto é assim que, em 2020, Thomas Beattie, um jogador do Hull City de Inglaterra, só anunciou a sua homossexualidade depois de se ter retirado do futebol porque, citando o próprio, “como atleta, falar disto não te ajudará nada”… Beattie foi o primeiro a assumir-se nos últimos 30 anos.
Alguns profissionais do setor comentaram a origem do medo de expressar a sua orientação sexual e chegam à conclusão que se deve a vários motivos. Por um lado, os contínuos cânticos homofóbicos dos adeptos ou até de elementos da própria equipa. A tudo isto somam-se algumas declarações de personagens importantes que deixam bem claro que “um gay não pode ser futebolista” ou que “conviver com jogadores gay pode trazer problemas e causar situações embaraçosas”.
O ténis, outro dos desportos castigados
No entanto, isto não acontece só no futebol… Há outros desportos, tal como o ténis, onde este tema também não é abordado. Um caso famoso foi o de Briah Vahaly, que chegou a ser o 64º melhor jogador do mundo, quando decidiu retirar-se para se dedicar à sua vida pessoal e anunciou a sua homossexualidade.
Lutar contra os estereótipos
A presença de homens gay no desporto põe em causa os estereótipos masculinos, porque alegadamente os homens gay são efeminados e, portanto, não são homens “a sério” e os desportos masculinos exigem que o sejam. Com as lésbicas, acontece quase o mesmo, mas uma diferença: muitas mulheres que praticam desporto têm de lutar contra a ideia de que são lésbicas, porque o estereótipo diz que as mulheres são fracas: se praticam desporto e se se mostram fortes, é porque não são mulheres a sério, logo, só podem homossexuais.”
Convidamo-lo a festejar o Orgulho como quiser e a juntar-se ao canto da liberdade!