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Casos por resolver. Como se resolve um caso arquivado?

Às vezes os investigadores veem-se obrigados a guardar casos na caixa dos “casos sem resolução” para sempre, quer seja por falta de provas ou por chegarem a um beco sem saída.

Outras vezes, pode dar-se o caso de que, anos mais tarde, apareçam novas provas ou uma nova equipa de investigação que reabre o caso e tenta abordá-lo de uma outra perspetiva, com a ajuda de novas tecnologias – como a análise do ADN e o cruzamento de dados – que lhes permite aproximar-se de outra forma ao assassino.

Estes são quatro casos que, graças à tecnologia, à persistência ou ao aparecimento de novas provas poderam ser resolvidos anos depois do sucedido:

 

38 anos depois: ETAN PATZ

O desaparecimento de Etan Patz, de 6 anos, comoveu profundamente os Estados Unidos. Ocorreu no bairro de Soho, em Nova York, em 1972. Etan tinha pela primeira vez autorização dos pais para ir sozinho desde sua casa até à paragem de autocarro escolar, mas nunca chegou a apanhá-lo. As investigações nunca chegaram para encontrar o paradeiro da criança e mesmo com vários detidos, não se encontrou o culpado do desaparecimento.

Etan Patz

Em 2010, o fiscal de Manhattan reabriu o caso e o comissário da polícia de Nova York anunciou que um homem sob custodia podia estar envolvido no caso. O seu nome era Pedro Hernández. Nesta nova investigação, conseguiram-se testemunhos de pessoas próximas do suspeito que afirmavam ter ouvido o mesmo a confessar o sequestro e assassinato de uma “criança em Nova York”.

Depois de ser detido, confessou no julgamento que ofereceu ao rapaz um refresco desde a loja onde trabalhava. Quando a criança se aproximou, sequestrou-a levando-a ao sótão desse local e asfixiou-a. Meteu o corpo dentro de uma mala e deixou-a junto a restos de lixo.

No julgamento declarou-se culpado por sequestro e assassinato e foi condenado a 25 anos de prisão.

 

37 anos depois: SUZANNE BOMBARDIER

No ano de 1980, foi encontrado o corpo de Suzanne Bombardier, de 14 anos, a flutuar num rio de Antioch (Califórnia). Este caso deu a volta ao mundo pela dimensão da sua crueldade. Foi violada antes de receber uma facada no peito que lhe tirou a vida. Investigadores de todos os Estados Unidos estiveram envolvidos no caso, mas depois de reunir todas as provas e deterem vários suspeitos, não conseguiram relacionar nenhum suspeito ao assassinato.

Suzanne Bombardier

35 anos depois, em 2015, dois dos investigadores que tinham estudado o caso pediram às autoridades que o reabrissem. Graças ao avanço da tecnologia, puderam analisar as amostras de ADN encontradas no corpo da vítima, e cruzá-las com a base de dados de suspeitos de assassinato do caso. Finalmente, no final de 2017, 37 anos depois do crime, conseguiram encontrar o culpado da morte da jovem. O seu nome, Mitchell Lynn Bacom, de 64 anos. O seu ADN coincidia com as amostras e foi relacionado também com mais provas a posteriori. Permanece em prisão à espera de julgamento.

 

17 anos depois: CRIME RACISTA

No ano 2000, em Montgat (Barcelona) foi encontrado o corpo de um homem equatoriano com sinais de várias facadas. Na parede foram escritas várias frases com sangue que diziam “Hitler tinha razão” e “KKK” (Ku Klux Klan). Não foram encontrados restos de ADN na cena do crime, nem impressões digitais que incriminassem algum suspeito. Por este motivo, o caso foi encerrado algum tempo depois.

Um juiz de Badalona ordenou reabrir o caso em 2016. Seguindo outra linha de investigação, foram encontrados informes de contactos que o assassino teria usado para contactar a vítima. Com essa pista, conseguiram finalmente chegar ao suspeito na Colômbia. Neste momento espera-se que a justiça colombiana extradite o detido para que seja transladado a uma prisão espanhola.

 

13 anos depois: O ASSASSINATO DO “EL CHURRERO”

No ano de 2004 quando Antonio Romero (74 anos), conhecido pela sua profissão como “El Churrero” e a sua mulher (80 anos) sofreram um assalto na sua própria casa, em Cádiz (Espanha). Quatro homens entraram durante a noite e ao não conseguir a chave do cofre maltrataram o casal até levar à morte do homem. Roubaram 10,000€ que Antonio guardava no colchão onde dormiam e abandonaram a casa.

A Guarda Civil abriu o caso mas nenhum dos autores do assalto e assassinato foi encontrado. Posteriormente, a Audiência de Cádiz arquivou o caso depois de abertas 30 linhas de investigação diferentes até à data. Graças ao empenho de um sargento, 13 anos depois puderam reabrir o caso e uma vez mais, como com o caso de Suzanne Bombardier, o cruzar de provas de ADN levou aos assassinos. O sangue encontrado em casa do casal coincidiu com um dos novos suspeitos que por sua vez levou os investigadores aos restantes assaltantes.