Em Agosto de 1969, ocorreram em Hollywood uma série de assassinatos que chocaram o mundo com a sua brutalidade e por terem vitimado caras conhecidas do mundo do cinema.
Os autores dos crimes foram Charles Manson e seus fiéis seguidores, um grupo de jovens influentes, com os quais formou uma espécie de seita que apelidou de Família.
No total, foram-lhes associadas 35 mortes, embora maior parte não tenham chegado a julgamento por falta de provas ou pelos membros responsáveis já terem sido condenados à prisão perpétua devido aos seus assassinatos mais conhecidos, os de Tate-LaBianca.
ANTECEDENTES
Charles Manson nasceu em 1934 em Cincinnati, Ohio. Filho de uma prostituta adolescente e alcoólica, passou grande parte da sua infância nas ruas, onde sobreviveu de roubos e pequenos crimes que o levaram à prisão em diversas ocasiões. Aos 20 anos casou-se e teve um filho, mas não tardou até Manson voltar ao crime, que desta vez passava por roubar carros. Os mesmos crimes fizeram com que fosse abandonado pela sua esposa e filho, enquanto se encontrava atrás das grades. Mais tarde, em liberdade provisória teve um segundo filho com outra mulher.
Em 1958, foi novamente preso por lenocínio e uso de cheques roubados. Permaneceu dez anos preso, durante essa década foi acusado de esfaquear um colega, ameaçando-o com uma faca. Foi também nessa mesma prisão que aprendeu a ler música e a tocar guitarra clássica.
Em 1968 foi libertado e fundou a Família, um grupo de jovens discípulos consumidores de LSD, amantes da arte dos anos 60 e praticantes de um estilo de vida pouco convencional. Manson estava convencido de que ele seria o novo Messias, com o dever de liderar a humanidade após a ocorrência de um ataque nuclear que destruíra o mundo. Charles defendia que ele e os seus seguidores sobreviveriam escondidos no subsolo do deserto e que, após a guerra entre as raças, seriam os responsáveis por guiar a comunidade negra no governo mundial.
OS CRIMES DE TATE-LABIANCA
Na noite de 9 de agosto de 1969, Manson convenceu quatro dos seus seguidores mais fiéis a aparecer na residência do cineasta Roman Polanski e assassinar todos os presentes com a maior crueldade possível. Aparentemente, o líder escolheu a mesma casa por, no passado, ter sido ali entrevistado por um produtor que se recusara a patrocinar a sua carreira musical. Polanski não estava presente em casa, estava a filmar em Londres, no entanto isso não impediu os jovens de esfaquearam cinco pessoas até a morte, incluindo a esposa do diretor, a atriz Sharon Tate, que estava grávida de sete meses e mesmo assim foi várias vezes esfaqueada na barriga.
Para Manson o massacre não foi suficiente. No dia seguinte, dirigiu-se até à mansão de um casal abastado, Leno e Rosemary LaBianca, amarrou o casal e obrigou os seus membros a matar o casal à facada.
O JULGAMENTO
Curiosamente, os membros da Família não foram presos por suspeita de homicídio, mas sim acusados de vandalizar uma área do Parque Nacional do Vale da Morte enquanto permaneciam escondidos no Deserto de Mojave. Foi através da confissão de um dos membros do grupo que se estabeleceu a ligação de Manson com o seu grupo ao caso Tate-LaBianca.
O julgamento dos assassinatos começou a 18 de novembro de 1969. Manson aproveitou a atenção dos media, despertada pelos seus crimes, para compor um álbum e fazer dinheiro para pagar a sua defesa. Durante o julgamento surgiu com um X gravado na testa, um símbolo de egoísmo copiado pelos seus fãs, que aguardavam o julgamento de Manson fora do tribunal.
Algumas motivações apontadas para o ato dos crimes foram o seu ego patológico, a sua perturbação mental e a sua firme crença no fim do mundo. Os relatórios do psicólogo definiram Manson como uma pessoa instável, com traumas psicológicos graves, numa luta constante por um status social e cuidado para neutralizar a rejeição que sentia.
A SENTENÇA
A 25 de janeiro de 1971, Charles Manson foi condenado por assassinato em primeiro grau e por ordenar os assassinatos de Tate-LaBianca. Foi condenado à morte, mas foi comutado para a prisão perpétua quando o Supremo Tribunal da Califórnia revogou as sentenças de morte anteriores a 1972. Em 19 de novembro de 2017, aos 83 anos de idade, Charles Manson morreu no hospital de Bakersfield.