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Como organizar buscas?

Quando uma pessoa desaparece, põem-se em alerta as forças e corpos de segurança do Estado, já que o denominador comum que impera é a possibilidade de a vítima poder estar isolada e não conseguir resolver a situação sozinha.

Há ocasiões em que as buscas são organizadas com conhecimento da zona exacta – ou aproximada – do local onde se encontra a vítima, como é o caso do resgate na sequência de acidentes com alpinistas, por exemplo.

Noutras vezes – e que infelizmente se verificam mais frequentemente – as buscas servem para encontrar alguém desaparecido, sem ter a certeza de que a pessoa se encontra na área a investigar.
Para isso é feito uma mapeamento da extensão de terreno onde é possível que a vítima se encontre, seja por ser uma zona que frequentava com regularidade ou porque existe alguma pista de que terá sido vista no local pela última vez.

São mobilizados esforços junto da polícia loca e nacional, Guarda Civil e Protecção Civil. Dependendo da orografia do terreno – isto é, das nuances do seu relevo – as buscas são feitas por diferentes unidades da polícia e da Guarda Civil.

COLABORAÇÃO DOS CIDADÃOS

Quando a área de buscas é muito ampla e o caso chama a atenção dos media, podem existir voluntários que colaborem nas buscas. Por vezes, as informações que os vizinhos dos terrenos têm em sua posse pode ser chave para aceder a determinados locais ou até voltar as atenções para outros que possam passar despercebidos.
Nestes casos, a coordenação das forças e corpos de segurança do Estado é muito importante.

O CASO GABRIEL

Em Espanha, ao longo de 2018 foram denunciados 176.063 desaparecimentos, dos quais 12.330 estavam ainda activos no final do ano. No país há histórico de buscas por vários menores desaparecidos, como foi o caso do pequeno Gabriel.

No seu desaparecimento, as buscas foram fundamentais. Nelas participou a companheira do pai do menino, Ana Julia Quezada. Durante as buscas, Ana Julia encontrou uma camisola do menor numa zona previamente investigada, o que fez com que a polícia e a guarda civil suspeitassem que teria sido ela a colocar lá o objecto. A coordenação das buscas tornava impossível que a camisola tivesse passado despercebida às autoridades. Nesse momento, Ana Julia Quezada tornou-se a principal suspeita do desaparecimento e foi investigada. A boa preparação do terreno e das autoridades foi essencial para desvendar o caso e deter Ana Julia Quezada, que foi descoberta ao tentar mover o corpo de Gabriel, já sem vida, para ocultá-lo.

JULEN E O POÇO

Também em Espanha e mais recentemente o caso de Julen fez eco na imprensa internacional. Neste caso, as operações de busca tinham em vista o resgate de um menino de dois anos que caiu num poço num terreno em Totalán (Málaga), onde a família se encontrava. O poço tinha 25 centímetros de diâmetro e 70 metros de profundidade.

Importa referir que as operações de socorro que decorreram em Málaga tiveram um elevado nível de dificuldade para todas as entidades envolvidas. À Europa Press, como citou entretanto o El Español, Manuel Regueiro – presidente do Ilustre Colegio Oficial de Geólogos, uma corporação de geólogos e engenheiros em Espanha – disse que os espanhóis “não têm experiência” em situações semelhantes, em que “um menino cai num buraco de 70 metros” e “cabe à justa” pelo poço. Por isso, o geólogo levantou questões sobre o plano de abrir um túnel perpendicular à perfuração onde Julen estaria. “A que profundidade se vai fazer o túnel se não sabemos onde está a criança?”, indagou.
A queda que provocou a morte de Julen aconteceu a 13 de Janeiro de 2019 mas o corpo só foi localizado a 26 do mesmo mês, pelas 1h25. Só duas horas depois, ainda durante a madrugada, foi possível trazê-lo à superfície.

David Serrano – dono do terreno onde ocorreu o incidente e tio de Julen – alegou que a morte tinha sido provocada pelo resgate. Mas o menino de Málaga terá morrido pouco depois da queda no poço, devido a um traumatismo craniano e na medula, como revelou a autópsia.
O processo de averiguações ainda não está concluído mas, por enquanto, David Serrano é o único que está a ser investigado por homicídio por negligência.