Germán Loera, de 23 anos, que costumava publicar vídeos motivacionais online, está na prisão pelo alegado rapto da advogada Thania Denisse, de 33 anos.
“Estás a questionar-te se estarás a tomar as decisões certas para que dentro de 10 ou 15 anos chegues onde queres realmente estar?” É assim que começa um dos primeiros vídeos que Germán Loera publicou no YouTube.
No início de Março a gravação tinha pouco mais do que 1000 visualizações, mas numa semana chegou às 26.000. Os olhos do México voltaram-se para Loera quando um delegado do Ministério Público de Chihuahua, no norte do país, revelou que o jovem de 23 anos tinha sido detido pelo rapto de Thania Denisse, uma advogada de 33 anos.
“Estás a questionar-te se estarás a tomar as decisões certas para que dentro de 10 ou 15 anos chegues onde queres realmente estar?”
Mas Germán não o fez sozinho. O alegado gangue responsável pelo crime era composto por cinco homens, que pediram que o dinheiro do resgate fosse pago em bitcoins. Rapidamente a história do rapto chegou às manchetes locais e nacionais.
“De acordo com a investigação, o líder do gangue é Germán Abraham L.A., que tem vários vídeos publicados na internet enquanto Youtuber”, revelou num comunicado o delegado público. “As investigações apontam para que seja ele o autor intelectual, a mente por detrás do rapto”, contou ao El País Eduardo Esparza, o porta-voz de segurança em Chihuahua.
Loera, que não tinha antecedentes criminais, está actualmente em custódia de pré-julgamento. As mensagens que publicou nas redes sociais antes da sua detenção consistiam em conselhos sobre como melhorar a nossa vida pessoal e profissional, encorajando os seguidores a lerem, viajarem e rodearem-se de pessoas positivas, a seguirem ideias inovadoras e a serem eles próprios. Loera deu também uma série de conferências e participou no Congresso Mundial de Jovens Líderes para a Paz, que decorreu no Estado do México.
Depois da sua detenção, os media mexicanos revelaram que o pai de Loera foi decapitado no início de Fevereiro num aparente ajuste de contas entre grupos de crime organizado. O delegado público confirmou a história, mas está ainda por descobrir a conexão entre o homicídio do pai de Loera e o rapto de Thania Denisse.
Quanto à exigência do pagamento do resgate da advogada em bitcoins, a criptomoeda mais popular do mundo, há apenas uma pista para ser encontrada na pegada digital de Loera: a mensagem que ele publicou no Twitter para os fundadores da Bitso, em que se promove a si próprio afirmando ser o primeiro a trocar criptomoedas no México. “Gostaria de falar convosco. Somos os responsáveis de marketing dos maiores casinos de bitcoins no mundo”, dizia a missiva, que não obteve resposta.
Enquanto que a espera para provar a inocência está agora a começar para Loera e para os outros quatro suspeitos no caso, os comentários nas redes sociais não param de chegar, com utilizadores a acusarem Loera de ser um “mentiroso” e um “delinquente”, apelando mesmo a que ele seja condenado à “pena de morte”, uma punição que não é utilizada no México.