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Marcia Clark

Em 1991, Marcia Clark destacou-se na área jurídica ao conseguir a condenação de Robert John Bardo pelo homicídio da atriz norte-americana Rebecca Schaeffer. No entanto, foi em 1995 que o seu nome percorreu o mundo enquanto procuradora do caso O.J. Simpson.

BIOGRAFIA E VIDA PESSOAL

Marcia Rachel Kleks nasceu em Alameda, na Califórnia, em 1953. Como o seu pai trabalhava como químico da FDA, as mudanças da família de cidade em cidade pelos Estados Unidos eram constantes, ainda Marcia era criança. Aos 17 anos, foi vítima de uma violação que a levou a abandonar o sonho de ser atriz e a dedicar-se antes ao Direito: queria zelar pelas vítimas. Licenciou-se em Ciência Política pela UCLA e posteriormente tirou o doutoramento em Direito pela Southwestern University School of Law. Em 1979 começou a trabalhar no Tribunal Estatal da Califórnia e dois anos depois foi para o Ministério Público.

Casou-se duas vezes e tem dois filhos do segundo casamento com Gordon Clark.

 

O JULGAMENTO CONTRA O. J. SIMPSON

Marcia não pôde falar sobre a estrela de futebol americano, O.J. Simpson, quando lhe foi atribuído o caso. A ex-mulher do jogador, Nicole Brown Simpson, e um amigo, Ronald Goldman, apareceram brutalmente assassinados e todas as provas encontradas apontavam Simpson como culpado: as suas impressões digitais e uma luva ensanguentada apareceram no local do crime, havia sangue no seu carro, ele tinha uma lesão na mão direita sobre a qual havia mentido e já havia sido condenado por violência doméstica contra a ex-mulher e mais um rol de denúncias do mesmo índole por parte de outras mulheres.  Marcia Clark julgou estar perante um claro caso de violência de género que se resolveria facilmente e que qualquer mulher do júri (composto por dez mulheres e apenas dois homens), independentemente da sua raça, concordaria consigo quanto à culpa do acusado.

No entanto, tal não aconteceu. O julgamento prolongou-se por 11 meses e foi rodeado de grande mediatismo. O.J. Simpson era uma celebridade intocável aos olhos da opinião pública e isso fez com que Marcia remasse contra a corrente, sendo alvo de insultos, humilhações e, acima de tudo, de uma dura discriminação sexista dentro e fora da sala de audiências. Foi ridicularizada pelo seu penteado, o juíz chegou a adverti-la por usar uma saia demasiado curta, foi acusada de ser demasiado emocional, a sua sogra divulgou à imprensa fotografias suas privadas e o ex-marido (de quem pediu o divórcio aquando do julgamento) queria a custódia total dos filhos, alegando que ela não teria tempo para tomar conta deles devido ao julgamento. Por fim, a 3 de outubro de 1995,  a fama de O.J. Simpson e os discursos antirracistas sobrepuseram-se a qualquer prova apresentada por Marcia e o julgamento terminou em absolvição.

 

A SUA VIDA DEPOIS DO JULGAMENTO

Resignada e decepcionada por um julgamento perdido que a havia feito passar por um inferno, Marcia Clark abandonou o Ministério Público para sempre. Dois anos depois, em 1997, publicou um livro intitulado Without a Doubt (Sem Dúvida Alguma), no qual abordava o caso O.J. Simpson. Hoje em dia continua a acreditar na sua culpa, ainda que reconheça que as circunstâncias que rodearam o julgamento o tornaram um caso impossível de vencer. Afirmava que havia provas de sobra para condenar Simpson, mas tratando-se de quem se tratava, a legitimidade de provas-chave como as provas de ADN foi questionada e deu-se mais importância a outros factos, como o de nunca ter sido encontrada a arma do crime. Ainda hoje, sempre que lhe fazem perguntas sobre o assunto, Marcia mostra-se solidária com as vítimas pelo modo como um sistema judicial  influenciado pela fama e questões raciais lhes falhou.