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Entrevista a Ian Kahn (George Washington)

Ian Kahn, que interpreta o General George Washington em TURN:Espiões de Washington, conta-nos como foi representar uma figura tão icónica e as características que mais admira em Washington.

  • Estás a interpretar uma das figuras mais icónicas da história americana. Fala-nos da pressão que está associada a esse papel.

A pressão é de certa forma substancial. Sinto uma grande responsabilidade para com este homem e para com a memória que temos dele, assim como para com as pessoas que, compreensivelmente, o têm em grande estima. Ele é um verdadeiro herói para o nosso país, e de certa forma, para o mundo. Não era de todo perfeito. Ele era um homem, um ser humano, mas tinha algumas das mais maravilhosas qualidades humanas. Como a pessoa que teve a sorte de encarnar esta personagem, sinto sempre uma grande responsabilidade para honrar a sua vida e a sua verdadeira grandeza.

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  • Washington intitula-se de “respeitado, temido, odiado e idolatrado” e diz ainda “Não sou o que as pessoas pensam que sou”. Como é representar uma personagem tão complexa? Como integras todas estas camadas na tua  performance?

Um dos grandes feitos do nosso showrunner Craig Silverstein e guionistas foi tentar descortinar o homem em si em vez da estátua do homem. Neste programa e durante esta temporada, vemos claramente os desafios que enfrenta e o que se passa no coração daquele que é responsável por tanta gente. Ele tinha – e acredito que sabia disso – o peso de uma nação nos seus ombros. Se falhasse, não seria apenas “Bem, perdemos.” Seria “Bem, vocês vão ser enforcados,” e sê-lo-iam também as pessoas que o apoiaram. As suas escolhas eram de vida ou morte, não eram escolhas simples com poucas repercussões. Em cada passo que dava, tinha consciência da grande responsabilidade que representava. Por isso é que quando aceitou este papel, pediu perdão antes do tempo por não se sentir merecedor desse trabalho.

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  • Muito foi escrito sobre Washington. Que recursos mais te ajudaram quando estavas a desenvolver a personagem?

Fiz muita pesquisa. Estudei por Dan Shippen do Breed’s Hill Institute, que fez uma extraordinária quantidade de pesquisa, e aprendi mesmo muito sobre Washington e a época. Há também um livro chamado “Washington: A Life” de Ron Chernow com o qual aprendi muito. Há ainda muitos historiadores como Mary Thompson, que é a directora da livravria Mount Vernon – também é uma óptima fonte. Há tantas pessoas interessadas em ver o General Washington retratado e que querem ver um trabalho bem feito. Eu tinha conhecimento dos problemas dentro do exército que eram desafios para o General, e os problemas que ele enfrentava devido às suas próprias falhas. Estava muito entusiasmado por explorar esse lado deste homem.

  • Na última temporada, referiste que querias fazer uma viagem a Mount Vernon. Tiveste oportunidade de lá ir? O que aprendeste?

Tive, felizmente. No início da temporada, Dan Shippey conseguiu que me encontrasse lá com Mary Thompson. Mary apresentou-me aos outros que lá estavam e fui convidado pelo director de Mount Vernon para passar a noite numa das plantações. Pude dormir nessa terra e acordar cedo e sentar-me junto ao rio Potomac. De certa forma, pedi autorização ao General para fazer o seu papel e honrá-lo o máximo que conseguisse. Foi uma experiência muito intimidante. [Risos] Tentei encontrar a sua presença o melhor que pude.

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  • Disseste que George Washington era um dos teus heróis. Quais os aspectos que mais admiras no General?

O que acho que a maioria das pessoas não se apercebe é da pessoa apaixonada que ele era. Eu pensava nele como a cara na nota de 1 dólar que é a de um homem mais velho em sofrimento. Eu não conhecia a história dele quando tinha 20 ou 30 anos, quando era um homem imprudente. Ele aprendeu, pela tentativa e erro, a controlar o seu génio, para ser um homem mais consciente. Ele aceitou as suas falhas e desilusões para se tornar o homem que nós admiramos. Para mim, enquanto humano com imensos defeitos, foi inspirador ver a sua evolução. Essa é uma das características que mais admiro. Outra, é a sua humildade: ele nunca agiu como a pessoa mais esperta da sala, os seus oficiais tinham muita consideração por ele e não liderava de trás, liderava sempre na fila da frente.

  • Se pudesses conhecer George Washington, qual seria a primeira pergunta que lhe farias?

Perguntaria-lhe se sabia que as escolhas que fez tantos anos antes iriam ser tão bem sucessedidas em formar o nosso país. Aquilo que o General Washington fez – quando abdicou do poder no final da guerra – ele não tinha de fazê-lo. Quando abandonou a presidência depois de dois mandatos – esses termos foram estabelecidos por ele todo este tempo atrás. É  o seu exemplo que todos seguimos hoje em dia e ao qual tentamos estar à altura. Acho que lhe perguntaria “Alguma vez pensou que teria feito um trabalho tão bom? Porque fê-lo de facto, Senhor!” .