Katherine Parkinson, que desempenha o papel de Laura Hawkins em HUMANS, fala-nos sobre viver com tecnologia – para o melhor ou para o pior – e sobre o segredo obscuro da sua personagem.
- O que é te chamou a atenção no papel de Laura?
Tinha um bebé de 3 semanas quando recebi o guião e pensei “Espero que não seja bom.” Mas claro que era e tive de aceitá-lo. Os meus pais puderam ajudar a tomar conta do bebé e conseguimos arranjar uma pessoa para ajudar três dias por semana. Foi interessante porque estava a passar pelo mesmo que Laura: aquela sensação de que não conseguimos tomar conta dos filhos e trabalhar ao mesmo tempo, mas que também não queremos que mais ninguém o faça por nós.
- Laura é super ocupada, mas mesmo assim, quanto tem oportunidade de receber uma ajuda resiste à ideia. Porque é que achas que isso acontece?
Ela quer ser tudo para toda a gente. Acho que muitas mulheres são assim hoje em dia. Sei que eu própria resisti a ter ajuda com as crianças durante muito tempo, mas a certa altura tive de admitir que não consigo fazer tudo. E penso que HUMANS explora o que abdicamos de nós mesmos quando deixamos esse trabalho para outra pessoa. Quando arranjas alguém para mudar as fraldas do teu filho, de que é que estás realmente a abdicar? Claro que estava feliz por ter alguém a mudar as fraldas por uns tempos, mas mesmo assim…
- Identificas-te com algumas das preocupações de Laura acerca de tecnologia e de como é incorporada nas nossas vidas tão rapidamente?
Sim. Não estou em nenhuma rede social, por exemplo. Sei que tem enormes vantagens, mas acho que coisas como o Facebook podem tornar-se uma feira de vaidades e acabar com olharmos alguém nos olhos e dizermos “Como estás?” e ver como respondem. De certa forma, a tecnologia desumaniza a experiência humana. E acho que a série lida com isso. Não é apenas inteligência artificial, é a experiência artificial de diferentes formas.
- Laura está claramente a tentar esconder algum segredo obscuro. Como é que achas que esta questão afecta as suas relações?
Ela está de facto a criar um fosso em todas as suas relações, especialmente na sua relação com Joe e Mattie. É muito doloroso, mas quanto mais tempo passa, mais difícil se torna de revelar. Ela sente que deixarão de gostar dela quando se confessar.
- Comprarias um Synth se existissem, ou manterias-te afastada?
Bem, de uma forma realista, não quero ser o tipo de mãe cujos filhos têm uma experiência diferente de toda a gente. Há pais que nunca deixam os filhos ver televisão e eles acabam por se tornar estranhos. Acho que o meu marido e eu somos um pouco diferentes do normal no que toca ao mundo actual. Somos um pouco ignorantes, honestamente, no que toca a tecnologia. Mas não queremos ser aqueles pais que não percebem nada do assunto. HUMANS fez-me mesmo pensar que quero e devo interagir mais com a tecnologia.
>> Vê também a entrevista a William Hurt, que faz o papel de Dr. George Millican.
HUMANS | Novos episódios todas as segundas às 22:30.
