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Entrevista a Samuel Roukin (Simcoe)

Samuel Roukin, que interpreta John Graves Simcoe em TURN: Espiões de Washington, fala-nos da sua experiência enquanto personagem detestada por todos, do lado mais soft de Simcoe e do novo visual da sua personagem na 2ª temporada.

  • Simcoe tem chamado a atenção de muitos fãs, e tu próprio referiste anteriormente que as pessoas iam ter contigo e dizer-te o quanto o odiavam. Dá-te gozo interpretar uma personagem com que toda a gente adora embirrar?

Na verdade as pessoas dizem-me mesmo “Eu odeio-te.” Os espectadores não me conseguem separar da personagem. Odeiam-me, simplesmente. É fantástico. Eu adoro interpreter esta personagem, independentemente de ela ser boa ou má pessoa. Ele é um ser complexo e imprevísivel. Para mim, enquanto actor, esse é o desafio mais entusiasmante que tenho e é daí que tiro prazer: no desafio de preencher as diferentes áreas desta personagem. As reacções mostram-nos que estamos no bom caminho com esta personagem e isso é encorajador. Quanto mais pessoas vierem ter comigo e dizer-me que me odeiam, melhor eu sei que estou a fazer um bom trabalho – e vou continuar a fazer por ser ainda mais odiado!

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  • No início desta temporada, Simcoe fica numa sala cheia de ficheiros,a preencher formulários. Esse é o pior castigo que uma pessoa como ele pode ter, talvez pior até que a morte?

Absolutamente. Quando chegámos ao final da primeira temporada, eu não sabia como iria começar a segunda. Quando comecei a pensar nisso durante esse intervalo, pensei “Bem, ele tem de ser castigado”, mas Simcoe já tinha estado na prisao quando foi capturado. Quando recebi o guião da 2 temporada e vi que Simcoe se ia tornar um administrativo de escritório, pensei “Um homem cujo vigor e propósito vêm do campo de batalha e de acções militares – não se podia sentir mais prisioneiro que numa cave onde tem que fazer um trabalho de escritório.” Foi realmente um castigo horrível, muito pior do que qualquer tipo de prisão. Na prisão até estaria entretido, podia atormentar os guardas e provavelmente iria descobrir forma de escapar. Mas fazer este trabalho foi realmente um castigo pior que a morte para ele.

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  • John André salva Simcoe do trabalho de escritiório e põe-o a comamdar a unidade militar dos Queen’s Rangers. John Graves Simcoe também comandou os Queen’s Rangers na vida real. Fizeste alguma pesquisa acerca dessa altura da sua vida, e de como era Simcoe como líder?

Ele escreveu um diário militar durante toda a sua carreira enquanto soldado. Há informação detalhada sobre o que os Rangers fizeram, e conseguimos ter uma ideia da máquina de guerra incrível em que se tornaram. Ficamos a perceber bem como Simcoe geria os seus negócios e o respeito que ganhou. Há muita informação que veio de livros de História que me ajudou a dar vida à personagem, bem como os materias a que temos acesso na série.

  • No sexto episódio da 2ª temporada, Simcoe diz a Anna que é “um guerreiro, não um monstro”. Concordas?

Exactamente. Essa frase resume tudo. Essa é a perspectiva que Simcoe tem de si mesmo. Ele toma como uma grande ofensa quando o seu carácter e as suas intenções são questionadas, porque da sua perspectiva ele os seus comportamentos são perfeitos. Magoa-o que ela pense que ele é um monstro e é crucial para ele que todas as pessoas à sua volta percebam que ele é um guerreiro. Ele não sente necessidade de provar isso, porque simplesmente não consegue perceber porque é que alguém iria pensar que ele é um monstro. É um comentário muito revelador para Simcoe, e acho que nos faz perceber melhor a forma como ele justifica as suas acções. É interessante que estes momentos que revelam quem é Simcoe, só aconteçam com Anna. Isso é fundamental.

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  • Simcoe também diz a Anna que tem coração e que quer ser amado. Como é que consegues representar o lado carinhoso de alguem tão violento?

Bem, ele é um doce, não é? Estou a brincar! A forma como vejo é a seguinte: ele é um ser humano. Apesar de ter valores diferentes dos teus ou dos meus, não quer dizer que não tenha instintos primários e não tenha desejos de amor e de afecto como qualquer outra pessoa. Por isso para mim é facil adaptar-me à sua situação com Anna. O que é curioso é que ele não é de todo correspondido e não consegue perceber isso. É isso que é peculiar nesta personagem. Simcoe não consegue controlar como Anna Strong lhe reage. Ele vai atrás de tudo o que quer da única forma que sabe. Ele está a seguir o seu coração, não está?

  • Agora que é um Ranger, Simcoe veste um uniforme verde. Preferias o vermelho? Estás a gostar de mostrar agora o teu próprio cabelo em vez de uma peruca branca?

O lado positivo para mim é que se estou com um casaco verde, não estou de peruca. É óptimo não usar a peruca. De certa forma, acho que o facto de já não fazer parte do rebanho de ovelhas o torna mais humano. É muito fácil odiar um “Redcoat” mas de certa forma invertemos isso nesta temporada. Os uniformes dos Rangers verdes são na verdade mais parecidos com os dos rebeldes do que com os dos Redcoarts, e acho que demonstra bem o que acontece na guerra: como identificas quem é ou não é o inimigo? É impressionante observar a mudança de visual de uma temporada para a outra. É engraçado para mim como actor.

Vê também a entrevista a Jamie Bell (Abraham Woodhull)!