O dia da Implantação da República deve ser recordado como um passo importante na construção de um país assente em valores como liberdade, igualdade e justiça.
A manhã do dia 5 de outubro de 1910 marcou o fim de uma era em Portugal, com a Implantação da República. Após séculos de monarquia, o país assistiu ao nascimento da Primeira República. Este foi o culminar de um movimento revolucionário alimentado por tensões sociais e políticas, onde as exigências por mudança já não podiam ser ignoradas.
Contudo, por trás deste marco histórico, encontramos não apenas os líderes mais conhecidos da revolução, mas também heróis menos celebrados que, com a sua coragem e sacrifício, garantiram o sucesso de um novo regime.
A origem
A crise que envolvia a monarquia nos anos que precederam a revolução era evidente. D. Manuel II subiu ao trono em 1908, após o brutal regicídio que tirou a vida ao seu pai, D. Carlos I, e ao irmão Luís Filipe. No entanto, a sua curta governação foi marcada por incertezas, escândalos financeiros e uma crescente incapacidade de lidar com as tensões sociais e políticas do país. A monarquia tornava-se cada vez mais distante da realidade da maioria dos portugueses, enquanto o Partido Republicano ganhava força.
A revolução republicana começou a ganhar contornos definitivos a 4 de outubro de 1910, quando uma revolta militar e civil rompeu em Lisboa. Oficiais republicanos, cansados da ineficácia do regime monárquico, lideraram os primeiros ataques contra as forças leais à coroa.
O movimento foi rapidamente apoiado por cidadãos comuns, trabalhadores e intelectuais, todos ansiosos por ver uma nova era de justiça e igualdade. No dia seguinte, a 5 de outubro, a República foi proclamada da varanda da Câmara Municipal de Lisboa. D. Manuel II foi forçado ao exílio, encerrando sete séculos de monarquia em Portugal.
A maior parte dos relatos sobre este período centram-se em figuras como Teófilo Braga, o primeiro presidente provisório da República, ou Afonso Costa, um dos principais ideólogos do Partido Republicano. No entanto, por trás destes nomes de destaque, existiam muitos outros nomes que, embora menos conhecidos, desempenharam papéis fundamentais no sucesso da revolução.
Carlos Cândido dos Reis
Conhecido como Almirante Reis, Cândido dos Reis foi um dos heróis esquecidos desta revolução, foi uma figura crucial no início do movimento. Oficial da Marinha e um republicano de longa data, liderou a parte militar da revolução em Lisboa.
Na tarde do dia 3 de outubro de 1910, ao saber-se que o então chefe do governo, Teixeira de Sousa, tinha sido avisado do golpe republicano e pusera de prevenção as tropas leais à causa monárquica, a maioria dos chefes republicanos propôs um adiamento do golpe, ao que se opôs o Almirante Cândido dos Reis.
No entanto, após receber informações erradas de que a revolta havia falhado, Cândido dos Reis, desolado, tirou a sua própria vida antes de saber que a República triunfaria. A sua trágica morte simboliza o sacrifício e a incerteza que muitos sentiram durante a revolução, e hoje o seu nome permanece associado ao espírito de dedicação à causa republicana.
José de Azevedo Mascarenhas Relvas
Outro nome menos celebrado, mas fundamental, foi o de José Relvas, um republicano convicto e um dos principais organizadores do movimento. Foi ele quem, no dia 5 de outubro, proclamou oficialmente a República do balcão da Câmara Municipal de Lisboa, um gesto que se tornaria icónico na história do país.
Embora a sua imagem tenha ficado para sempre ligada ao nascimento da República, o papel de Relvas nos bastidores, negociando e unindo diferentes fações republicanas e militares, foi igualmente essencial para o sucesso da revolução.
António Maria de Azevedo Machado Santos
Além destes, Machado Santos, um oficial naval, destacou-se como o “herói da Rotunda”. Durante os confrontos decisivos em Lisboa, foi ele quem comandou as forças revolucionárias que enfrentaram as tropas monárquicas no alto da Avenida da Liberdade, num dos momentos mais críticos da revolução. A sua liderança no campo de batalha assegurou a vitória republicana e a queda definitiva da monarquia.
No entanto, a sua contribuição foi rapidamente eclipsada por outras figuras mais proeminentes da política republicana, e o seu nome foi muitas vezes acabou esquecido.
Estes heróis desconhecidos, juntamente com milhares de civis e militares anónimos, formam o alicerce da revolução de 1910. Enquanto as grandes figuras políticas continuaram a moldar o rumo da Primeira República, foi o sacrifício e a determinação destes protagonistas que tornaram possível o sonho de um novo regime. O fim da monarquia trouxe consigo um período de grandes mudanças, mas também de grandes desafios.
Lembra-te!
A Implantação da República a 5 de outubro de 1910 foi muito mais do que um simples golpe político. Foi o reflexo de uma nação que ansiava por liberdade, igualdade e justiça. Com a ajuda do Canal HISTÓRIA, podemos mergulhar profundamente em grandes histórias e eventos do nosso mundo. Explora também outros temas no nosso blogue, e passa pelos nossos canais.