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A comida: assim mudou a história

A história da gastronomia de cada país mostra as receitas que consideramos como “típicas”, mas algumas não existiriam sem a influência de outros povos ao longo dos anos, especialmente o árabe.

Além disso, em vários momentos da história da navegação, na época dos descobrimentos, facilitaram o acesso a numerosos ingredientes que hoje são utilizados. Por exemplo, a expedição de Magalhães e Elcano descobriu especiarias e Colombo e a sua comitiva trouxeram alimentos que hoje em dia são básicos na nossa dieta nacional, como são os casos do tomate, legumes ou chocolate. Aqui estão alguns exemplos de como os alimentos influenciaram a história.

 

2.000 ANOS ATRÁS: a primeira receita da história

As primeiras receitas conhecidas da história da humanidade provêm do sul da Mesopotâmia. Gravações em escrita cuneiforme em tabuletas de argila datadas dos anos de 1770 e 1600 aC, mostram a importância dos cereais na época. O pão foi preparado de várias maneiras, bem como os bolos. Os assados predominam com ingredientes como vegetais, ervas, alho e cebola. Também fizeram cerveja e usaram gorduras diferentes, além do azeite.

 

As receitas, que estão guardadas na Universidade de Yale e que foram traduzidas pelo historiador francês Jean Botteró, não especificam as quantidades dos ingredientes, ou seja, acredita-se que estas foram destinadas a pessoas com alguma experiência.

 

A COMIDA E A GUERRA

Já muito conhecida e infelizmente famosa é a fome que foi atraída pela população em várias partes do Mundo durante os anos da Guerra Civil. Por exemplo, o mingau de amêndoa (uma leguminosa a partir do qual a farinha é produzida) produziu toda uma epidemia de latirismo na população. Esta doença causada pelo consumo excessivo de chicharro, contém algumas substâncias tóxicas que afectam o sistema nervoso. Produz cãibras, incontinência, tremores nas mãos, entre outros.

O exército russo serviu-se da criatividade dos seus cozinheiros para assim alimentar os seus homens de forma efectiva. Comidas calóricas e variadas. A logística envolvida com os alimentos na frente não era trivial; portanto, os ingredientes utilizados estavam sempre ao seu serviço. Em 1941, o Exército Vermelho adoptou rações diárias para todos os soldados, consistindo de pão, farinha de trigo, aveia, macarrão, carne e peixe, além de óleo vegetal; consoante as características do desempenho de cada elemento.

 

O exército nazi não era menor e, embora a nossa imaginação indique que as refeições eram feitas de enlatados, o que é verdade é que esse recurso era para casos de urgência e de necessidade especial. Os alemães usavam um sistema de alimentação no qual prevalecia a importância dos soldados na frente. Assim, as dietas eram:

 

– Verpflegungsstaz 1 (ração 1): para soldados da primeira linha. Era a mais distribuída;

– Verpflegungsstaz 2: para unidades de comunicação e ocupação;

– Verpflegungsstaz 3: também para os soldados, mas para aqueles que permaneceram na Alemanha; e

– Verpflegungsstaz 4: para os trabalhadores de escritório e as enfermeiras.

 

PORQUE É QUE OS ROMANOS COMIAM DEITADOS?

As pinturas que reflectem as festas celebradas na Roma antiga, mostram-nos que comer deitado era um costume. A verdade é que nem todos conseguiam fazer isso, pois esse comportamento na hora do almoço era um símbolo de distinção. Tão frequente e importante era esse hábito, que causava a modificação das salas de jantar e das próprias mesas.

Além disso, há um mito que fala sobre o costume de os romanos vomitarem nessas festas. Diz-se que tal era tão frequente que quando os estômagos estavam cheios, o vómito era provocado num “vomitarium” para depois continuarem a comer. No entanto, essa ideia é o que é, um mito. Não existem provas que tal tenha acontecido.