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A História repete-se? O segredo está no passado

As situações que a Humanidade vive atualmente, tais como guerras, crises, independências e picos de ideologias extremistas, não são novas. O turbilhão de informação em que as sociedades desenvolvidas estão imersas faz com que não seja fácil olhar para o passado. Pelo menos, para um leigo. A verdade é que basta consultar os livros de História ou Economia para se aperceber que alguns dos acontecimentos mais importantes vividos no século XX e os que já caracterizam o século XXI são praticamente “cópias” de alguns que aconteceram há muitos anos ou até há séculos.

Algo que também não é muito menos novo é esta corrente de pensamento: aquela que formula a teoria de que a História se repete ciclicamente. No ano 1377, Ibn Jaldun, escritor, filósofo, economista e entre outras profissões, escreveu uma obra que abordava o auge e a queda das civilizações como um feito que se repete ciclicamente e quais as razões para que isso acontecesse.

Da mesma forma, Giambattitsta Vico, advogado e filósofo, publicou, em 1725, a obra “Szcienza Nuevoa” (“Ciência Nova”), na qual aborda o sistema do ciclo repetitivo através do qual surgem e desaparecem as civilizações.

Para conseguir perceber com mais clareza esta corrente de pensamento, veremos alguns exemplos de acontecimentos históricos que se repetiram e que poderão repetir-se, se não lhes prestarmos atenção suficiente.

 

A GRANDE DEPRESSÃO

 

 

Ao ouvir estas palavras, a grande maioria das pessoas tende a pensar na crise económica que começou em Wall Street com o conhecido “crack” em 1929 e que mergulhou o país na pobreza e na escassez nos anos seguintes da década de 30. Mas se olharmos para a História, percebemos que já tinha acontecido algo muito semelhante anteriormente. Em 1873, uma grande crise económica atingiu fortemente todo o planeta, especialmente os Estados Unidos e a Europa. Estes tinham protagonizado crescimentos económicos extraordinários, graças à segunda revolução industrial e ao fim da Guerra da Secessão dos Estados Unidos. Embora os historiadores não estejam de acordo em relação à sua duração, calcula-se que tenha durante 23 anos, até 1896. A esta grande recessão deu-se o nome de Grande Depressão. Portanto, como vê, a de 1929 não foi a primeira… Aliás, posteriormente, o mundo já viveu outras crises financeiras muito acentuadas, partindo dos mesmos sintomas experienciados mesmo antes das primeiras. A vivida há poucos anos, entre 2008 e 2013, segundo os especialistas, foi batizada como a Grande Recessão. Agora, especialistas do mundo inteiro tentam estudar o desenvolvimento destas crises para tentar evitar novas crises no futuro, e tudo aponta que terá de haver uma alteração profunda no sistema da maioria dos países capitalistas do mundo.

 

O HOLOCAUSTO

 

O holocausto nazi é outro feito da nossa História que se apoderou da sua própria nomenclatura. O mais provável é que, se pensar na palavra “holocausto” ou “genocídio”, lhe venha à cabeça o que foi perpetrado pelos nazis contra os judeus durante a primeira metade do século XX. Mais uma vez, não é o primeiro genocídio ocorrido ao longo da História, visto que muito antes ocorreu o chamado “Genocídio Arménio” ou “Holocausto Arménio”. Aconteceu entre 1915 e 1918 (embora alguns especialistas o situem até ao ano 1923) no Império Otomano. Os Arménios foram perseguidos pelos Otomanos que visavam a sua total erradicação. O povo arménio foi desalojado em massa, tendo-se refugiado principalmente na Síria. A comunidade internacional condenou este acontecimento como um crime contra a Humanidade. Durante o genocídio, o Governo otomano estabeleceu uma rede de campos de concentração com o objetivo de eliminar os arménios que tinham sobrevivido à deportação. Estima-se que houve entre 600.000 e 1.800.000 vítimas e que mais de 2 milhões de arménios foram afetados.

 

 

O MEDO DE PERDER O TRABALHO

É um tema muito atual devido à robotização e automatização de inúmeros processos de trabalho que acontecem diariamente. Mas se olharmos para o passado, percebemos que alguns processos com que lidamos atualmente com total naturalidade também foram uma verdadeira revolução que provocou a revolta de muitos trabalhadores. Um exemplo evidente é a invenção da caixa automática, popularmente conhecida por Multibanco. Antes de 27 de junho de 1967, se as pessoas precisassem de levantar dinheiro das suas contas, tinham de se dirigir obrigatoriamente a uma sucursal do seu Banco para o fazer. Eram os funcionários do Banco que as atendia e dava seguimento aos pedidos de levantamento de dinheiro. Um dia, em finais de 1967, foi instalada a primeira caixa Multibanco da História em Londres. O que hoje parece ser considerado um bem necessário, na altura, levou milhares de trabalhadores para as ruas, com medo de perderem os empregos. Foram organizadas manifestações contra “a máquina que iria destruir milhares de postos de trabalho”, embora hoje em dia se saiba que isso, afinal, não aconteceu. Atualmente é normal ouvir alguém argumentar que o progresso tecnológico fará com que milhares de pessoas percam os seus empregos, mas se recuarmos no tempo, veremos que existem inúmeros exemplos de como estas inovações acabaram, pelo contrário, por criar muitos mais postos de trabalho.

 

CLIMA, TRABALHO, DEMOCRACIA E GLOBALIZAÇÃO

Estes temas tão transcendentais para as sociedades modernas são os que o documentário “Uma História do Futuro” abordará com um “regresso ao passado”. Diego Rubio, Professor de História Aplicada e Governação na IE University com um Doutoramento pela Universidade de Oxford, conduzirá o telespetador através de acontecimentos históricos acontecidos ao longo de toda a História para demonstrar que o segredo está no passado.

 

Sabia que a globalização é um acontecimento com vários séculos de antiguidade? Tal como afirma um dos especialistas, “a História não se repete, mas rima”. Não perca a estreia exclusiva “UMA HISTÓRIA DO FUTURO”. , quartas 11 e 18 as 22h15.