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JOSEF STALIN

Joseph Stalin foi um político que chegou ao poder como Secretário-Geral do Partido Comunista na Rússia, tornando-se num ditador soviético após a morte de Vladimir Lenin. Stalin forçou a rápida industrialização e coletivização das terras agrícolas, o que levou à fome de milhões de pessoas, enquanto outras tantas foram enviadas para campos de trabalho. O seu Exército Vermelho ajudou a derrotar a Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

ANTECENDENTES

A 18 de dezembro de 1879, na aldeia camponesa russa de Gori, Geórgia, nasceu Iosif Vissarionovich Dzhugashvili, mais tarde conhecido como Joseph Stalin.

O filho de Besarion Jughashvili, sapateiro, e de Ketevan Geladze, lavadeira, Stalin era uma criança frágil. Aos 7 anos de idade, sobreviveu à varíola, que lhe deixou cicatrizes no rosto.

Anos mais tarde, foi ferido num acidente de comboio, no qual o seu braço esquerdo ficou ligeiramente deformado (alguns relatos afirmam que o seu problema de braço foi resultado de um envenenamento do sangue devido à lesão).

As outras crianças da aldeia tratavam-no cruelmente, incutindo-lhe um sentimento de inferioridade. Por esta razão, Stalin procurou grandeza e respeito. Desenvolveu também um caráter cruel contra aqueles que se lhe opunham.

A mãe de Stalin, uma cristã ortodoxa russa devota, queria que ele se tornasse padre. Em 1888, conseguiu matriculá-lo na escola da igreja em Gori. Stalin saiu-se bem na escola e os seus esforços valeram-lhe uma bolsa de estudo para o Seminário Teológico de Tiflis, em 1894.

Um ano mais tarde, Stalin entrou em contacto com Messame Dassy, uma organização secreta que apoiava a independência georgiana da Rússia. Alguns dos membros foram socialistas que o apresentaram aos textos de Karl Marx e Vladimir Lenin. Stalin juntou-se ao grupo em 1898.

Embora tenha sido excelente no seminário, Stalin desistiu em 1899. Os relatos diferem quanto ao motivo. Os registos escolares oficiais indicam que ele não pôde pagar as propinas e retirou-se. Há também especulações de que lhe foi pedido que saísse porque as suas opiniões políticas desafiavam o regime czarista de Nicolau II.

Stalin optou por não regressar a casa, por isso ficou em Tbilisi, dedicando o seu tempo ao movimento revolucionário. Durante algum tempo, encontrou trabalho como tutor e depois como escriturário/empregado no Observatório Tiflis. Em 1901, entrou para o Partido Social-Democrata Trabalhista e trabalhou a tempo inteiro para o movimento revolucionário.

Em 1902, foi preso por coordenar uma greve laboral e exilado na Sibéria, a primeira das suas muitas detenções e exilados nos primeiros anos da Revolução Russa. Foi durante este tempo que adoptou o nome Stalin, que significa “aço” em russo.

Embora nunca tenha sido um orador tão potente como Vladimir Lenine ou um intelectual como Leon Trotsky, Stalin destacou-se nas operações mundanas da revolução, convocando reuniões, publicando panfletos e organizando greves e manifestações.

Depois de escapar do exílio, Okhranka (a polícia secreta do Czar) marcou-o como fora-da-lei e ele continuou o seu trabalho na clandestinidade, angariando dinheiro através de roubos, raptos e extorsões. Stalin ganhou a infâmia ao ser associado ao assalto ao banco Tiflis de 1907, que resultou em várias mortes e 250.000 rublos roubados (aproximadamente $3,4 milhões em dólares americanos).

Em fevereiro de 1917, começou a Revolução Russa. Em março, o czar tinha abdicado do trono e foi colocado sob prisão domiciliária. Durante algum tempo, os revolucionários apoiaram o governo provisório, acreditando ser possível uma transição suave de poder.

Mas em abril de 1917, o líder bolchevique Lenine denunciou o governo provisório, argumentando que o povo deveria erguer-se e assumir o controlo, confiscando terras aos ricos e fábricas aos industriais. Em outubro, a revolução havia-se instalado e os bolcheviques tinham o controlo.

 

LÍDER DO PARTIDO COMUNISTA

O emergente governo soviético passou por um período violento após a revolução, uma vez que vários indivíduos competiam por posições e pelo controlo.

Em 1922, Stalin foi nomeado para o recém-criado gabinete do Secretário-Geral do Partido Comunista. Embora não fosse um cargo importante na altura, deu a Stalin o controlo sobre todas as nomeações de membros do partido, o que lhe permitiu construir os alicerces do seu poder.

Fez nomeações perspicazes e consolidou a sua posição de modo que, eventualmente, quase todos os membros do comando central lhe deviam os seus postos. Quando aqueles que o interrogaram perceberam o que ele tinha feito, já era tarde demais. Mesmo Lenine, que estava gravemente doente, não conseguiu recuperar o controlo de Stalin.

 

GRANDE PROPRIEDADE

Após a morte de Lenine, em 1924, Stalin decidiu destruir a antiga liderança do partido e assumir o controlo total. No início, mandou retirar pessoas do poder através de denúncias e revoltas burocráticas.

Muitos foram exilados no estrangeiro para a Europa e América, incluindo o presumível sucessor de Lenine, Leon Trotsky. Stalin rapidamente levou a cabo um vasto reinado de terror, prendendo pessoas durante a noite, sujeitando-as a julgamentos atrozes.

Potenciais rivais foram acusados de se alinharem com nações capitalistas, condenados como “inimigos do povo” e sumariamente executados. O período conhecido como a Grande Purga acabou por se estender para além da elite do partido a funcionários locais suspeitos de atividades contrarrevolucionárias.

 

REFORMA E FOME

No fim dos anos 20 e início dos anos 30, Stalin inverteu a política agrária bolchevique, confiscando terras que anteriormente tinham sido dadas aos camponeses e organizando quintas coletivas. Isto reduziu essencialmente os camponeses a servos, tal como tinham sido durante a monarquia.

Stalin acreditava que o coletivismo aceleraria a produção de alimentos, mas os camponeses ressentiam-se de perder as suas terras e de trabalhar para o Estado. Milhões de pessoas morreram em trabalhos forçados ou morreram à fome durante a fome que se seguiu.

Stalin também pôs em marcha uma industrialização rápida que inicialmente alcançou grandes sucessos, mas que acabou por custar milhões de vidas e grandes danos para o ambiente. Qualquer resistência foi recebida com uma resposta rápida e letal; milhões foram exilados para os campos de trabalho Gulag ou executados.

 

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Enquanto as nuvens de guerra pairavam sobre a Europa em 1939, Stalin fez um movimento aparentemente brilhante, assinando um pacto de não agressão com o alemão Adolf Hitler e o seu Partido Nazi.

Stalin estava convencido da integridade de Hitler e ignorou os avisos dos seus comandantes militares de que a Alemanha estava a mobilizar exércitos na sua frente oriental. Quando a blitzkrieg nazi, o golpe nazi, atacou em junho de 1941, o exército soviético estava totalmente despreparado e sofreu de imediato perdas maciças.

Stalin ficou tão perturbado com a traição de Hitler que se escondeu no seu gabinete durante vários dias. Quando recuperou a sua determinação, os exércitos alemães já tinham ocupado toda a Ucrânia e Bielorrússia, e a sua artilharia rodeava Leninegrado.

Para piorar a situação, as purgas da década de 1930 tinham esgotado a liderança do governo e exército soviéticos a ponto de ambos serem quase disfuncionais. Após esforços heroicos do exército soviético e do povo russo, os alemães foram repudiados na Batalha de Estalinegrado, em 1943.

No ano seguinte, o exército soviético libertou os países da Europa Oriental, mesmo antes de os Aliados terem conseguido desafiar Hitler no Dia D.

 

STALIN E O OCIDENTE

Stalin tinha suspeitado do Ocidente desde o início da União Soviética, e assim que a União Soviética entrou na guerra, Stalin exigiu que os Aliados abrissem uma segunda frente contra a Alemanha.

Tanto o primeiro-ministro britânico Winston Churchill como o Presidente dos EUA Franklin D. Roosevelt argumentaram que tal ação resultaria em enormes baixas. Isto só aumentou as suspeitas de Stalin sobre o Ocidente, uma vez que milhões de russos morreram.

À medida que a maré da guerra se virava lentamente a favor dos Aliados, Roosevelt e Churchill reuniram-se com Stalin para discutir os acordos do pós-guerra. Na primeira destas reuniões, em Teerão, Irão, em finais de 1943, a recente vitória em Estalinegrado colocou Stalin numa forte posição de negociação. Exigiu que os Aliados abrissem uma segunda frente contra a Alemanha, com a qual concordaram na Primavera de 1944.

Em fevereiro de 1945, os três líderes voltaram a encontrar-se na Conferência de Yalta na Crimeia. Com as tropas soviéticas a libertar os países da Europa de Leste, Stalin encontrava-se de novo numa posição forte e tinha liberdade para remodelar os seus governos. Também concordou em entrar na guerra contra o Japão depois de a Alemanha ter sido derrotada.

A situação alterou-se na Conferência de Potsdam, em Julho de 1945. Roosevelt morreu nesse mês de abril e foi substituído pelo Presidente Harry S. Truman. As eleições parlamentares britânicas tinham substituído o primeiro-ministro Churchill por Clement Attlee como negociador principal da Grã-Bretanha.

Por esta altura, os britânicos e americanos já desconfiavam das intenções de Stalin e queriam evitar o envolvimento soviético num Japão do pós-guerra. A queda de duas bombas atómicas em Agosto de 1945 obrigou o Japão a render-se antes que os soviéticos se pudessem mobilizar.

 

ESTALINE E AS SUAS RELAÇÕES EXTERIORES

Convencido da hostilidade dos Aliados contra a União Soviética, Stalin tornou-se obcecado com a ameaça de invasão do Ocidente. Entre 1945 e 1948, estabeleceu regimes comunistas em muitos países da Europa Oriental, criando uma vasta zona tampão entre a Europa Ocidental e a “Mãe Rússia”.

As potências ocidentais interpretaram estas ações como prova do desejo de Stalin de colocar a Europa sob controlo comunista, pelo que formaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para combater a influência soviética.

Em 1948, Stalin ordenou um bloqueio económico da cidade alemã de Berlim, na esperança de obter o controlo total da cidade. Os Aliados responderam com o enorme transporte aéreo de Berlim, fornecendo a cidade e forçando eventualmente Stalin a recuar.

Stalin sofreu outra derrota de política externa depois de encorajar o líder comunista norte-coreano Kim Il Sung a invadir a Coreia do Sul, acreditando que os Estados Unidos não iriam interferir.

Anteriormente, tinha ordenado ao representante soviético nas Nações Unidas que boicotasse o Conselho de Segurança porque se recusava a aceitar a recém-formada República Popular Comunista da China nas Nações Unidas. Quando a resolução de apoio à Coreia do Sul foi posta à votação no Conselho de Segurança, a União Soviética não pôde utilizar o seu veto.

 

QUANTAS PESSOAS MATOU STALIN?

Estima-se que Stalin matou mais de 20 milhões de pessoas, direta ou indiretamente, através da fome, campos de trabalho forçado, coletivização e execuções.

Alguns estudiosos têm argumentado que o registo assassino de Stalin equivale a genocídio e faz dele um dos assassinos em massa mais impiedoso da história.

 

MORTE

Embora a sua popularidade fosse grande devido aos seus sucessos durante a Segunda Guerra Mundial, a saúde de Stalin começou a deteriorar-se no início da década de 1950. Depois de descobrir uma conspiração para o assassinar, ordenou ao chefe da polícia secreta que instigasse uma nova purga do Partido Comunista.

Porém, antes de poder ser executado, Stakin morreu a 5 de Março de 1953. Ele deixou um legado de morte e horror, mesmo tendo transformado uma Rússia atrasada numa superpotência mundial.

Stalin foi finalmente denunciado pelo seu sucessor, Nikita Khrushchev, em 1956. No entanto, encontrou uma popularidade renovada entre muitos dos jovens russos.