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Mulheres muçulmanas jusitas em al-Andalus

No tempo de al-Andalus, as mulheres andaluzas de classe alta podiam alcançar um nível muito elevado de cultura e conhecimento de jurisprudência que ia para além da “simples” memorização de leis e casos práticos. Ademais, tiveram também um papel ativo nas suas comunidades e participaram no funcionamento dos mecanismos jurídicos e sociais.

A intensa vida intelectual e científica de al-Andalus produziu milhares de estudiosos, tanto homens como mulheres, que ainda hoje são falados e utilizados como exemplos nos estudos. Apesar das mulheres desempenharem principalmente funções domésticas e familiares, algumas delas transcenderam as paredes das suas casas e colocaram os seus estudos e conhecimentos ao serviço da sociedade. Todas elas pertenciam à classe alta, e, na capital eram as que tinham acesso à educação, a grande maioria das quais, a mesma que era recebida pelos homens.

 

 

Estas mulheres desempenharam um papel importante em muitos campos, especialmente em ciências islâmicas, linguística e literatura, medicina, astronomia e cálculo. Graças a estes conhecimentos, algumas delas desempenhavam funções como professora para outras raparigas. Uma das disciplinas mais comuns era a caligrafia, com mais de 200 mulheres a destacarem-se nesta área. O direito foi outra destas disciplinas em que muitas mulheres surpreenderam pelos seus conhecimentos, sendo muitas vezes consultadas em processos judiciais.

 

Algumas das mulheres mais notáveis deste período foram:

  • Ibnat Sa‛īd al-Ballūṭī: Irmã de um famoso juiz, ela aconselhou e ensinou direito às mulheres da sua localidade. Ela foi uma das precursoras da educação legal das mulheres.
  • Ibnat Fā’iz al-Qurṭubī: Uma jurista e académica do Alcorão que dedicou toda a sua vida a procurar e aprender com os melhores mestres da leitura do Alcorão e depois a ensinar os seus conhecimentos. Ela morreu no regresso de Meca, o que demonstra a natureza independente de muitas mulheres da época.
  • Ḥafṣa bint Abī ‛Imrān Mūsà: Recitava, lia, escrevia entre outras coisas, todas relacionadas com a sua capacidade de escrita e leitura. Foi também uma grande conhecedora da divisão das heranças e das consultas jurídicas.