6 de junho de 1944 marca o início do fim da Segunda Guerra Mundial. O desembarque na Normandia, mais conhecido como Dia D, foi a maior invasão anfíbia na história e uma das operações militares mais importantes do século XX, e com o mote dos 25 anos do Canal HISTÓRIA, relembremos esta data muito importante.
A 1 de setembro de 1939, 1,5 milhões de soldados alemães invadem a Polónia. Usando milhares de tanques e bombardeiros, a tecnologia e capacidade militar germânica leva a uma rendição rápida da Polónia, conduzindo a Inglaterra e França a declararem guerra à Alemanha. Dois anos depois, aviões Kamikaze japoneses destroem grande parte da base naval americana em Pearl Harbor, forçando os Estados Unidos a entrarem na guerra. Estava em curso a Segunda Guerra Mundial.
Uma operação que mudaria tudo
Apesar de alguns sucessos militares das tropas dos Aliados, o exército nazi não mostrava sinais de abrandamento, mesmo depois da invasão falhada na União Soviética. Era necessário abrir outra frente de batalha, que conseguisse fustigar as tropas alemães e permitisse aos Aliados avançar no continente europeu.
Batizada de Operação Overlord, esta ofensiva em larga escala visava estabelecer uma cabeça de praia em França, com o objetivo principal a libertação da europa. Os alemães, liderados pelo general Erwin Rommel, haviam erguido uma formidável linha defensiva conhecida como Muralha do Atlântico. Esta cadeia de fortificações estendia-se desde as praias no norte da França até à Noruega, criando um verdadeiro desafio para qualquer tentativa de invasão.
Rommel, ciente da ameaça iminente, insistia na necessidade de concentrar forças blindadas próximas da costa da Normandia para repelir os invasores antes que pudessem estabelecer uma cabeça de praia. Contudo, os seus avisos começaram a ser ignorados à medida que a guerra se ia estendendo para outros territórios. O alto comando alemão tomou outras decisões e as divisões blindadas foram colocadas noutras zonas do campo de batalha.
Do lado aliado, os generais Dwight D. Eisenhower e Bernard Montgomery, planeavam minuciosamente as opções e consequências de um possível desembarque nas praias no norte de França. Tratava-se de uma escolha difícil, pois se uma operação desta escala falhasse, as consequências seriam catastróficas para os aliados, podendo mesmo mudar o curso da guerra.
Após intensos debates, a decisão recaiu sobre as praias da Normandia como o ponto de invasão ideal. Embora mais distante da Alemanha, era uma região menos fortificada e com menor número de tropas alemães.
A campanha de desinformação
Não seria a primeira vez que a desinformação era utilizada como arma nesta guerra. Um perfeito exemplo foi a operação Mincemeat, que enganou o exército alemão e permitiu a entrada das tropas aliadas na Sicília. Se és fã dos filmes de James Bond esta campanha tem um significado importante para ti, já que um dos orquestradores foi nada mais nada menos do que o comandante Ian Fleming, que se iria inspirar em acontecimentos verídicos para criar a personagem.
Antes do Dia-D, os aliados lançaram uma vez mais, uma campanha de desinformação com o objetivo de despistar as tropas alemães para o verdadeiro objetivo e localização do desembarque. A Operação Bodyguard envolveu a simulação de forças-fantasmas, com navios vazios, usando agentes duplos alemães e até mesmo atores para fingirem ser alguns dos generais mais importantes das tropas aliadas, como por exemplo o ator australiano Clifton James, que dado a sua semelhança com o general Bernard Montgomery, foi contratado e enviado para Gibraltar levando o alto comando alemão a acreditar numa potencial invasão pelo Mediterrâneo. O resultado final foi um sucesso e Hitler ficou convencido de que a invasão na Normandia seria apenas uma distração, acreditando antes que esta aconteceria ou na Noruega ou mais a leste.
Dia D – a cronologia de um dos dias mais importantes do século XX
Com as debilitadas defesas alemã s nas praias da Normandia e após meses de preparação meticulosa, chegou o momento decisivo.
- Madrugada
Na madrugada de 6 de junho de 1944, 156 mil tropas aliadas passam o canal da mancha e seguem rumo às praias da Normandia. Enquanto navegam, milhares de paraquedistas das tropas aliadas caem atrás das linhas inimigas, com a missão de conquistar as rotas de acesso às praias e causar confusão nas fileiras alemãs. Simultaneamente, bombardeiros iniciam um intenso e constante bombardeamento, visando suprimir as defesas costeiras nazis.
- Manhã
Os primeiros raios solares já são visíveis, e começam a chegar as primeiras vagas de soldados desembarcando nas praias com o nome de código Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword. Apesar do detalhado planeamento e do treino exaustivo dos soldados, a resistência alemã revelou-se mais feroz do que inicialmente se pensava e os primeiros dias resultaram em baixas significativas para ambos os lados, especialmente na praia Omaha. No filme O Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg, consegues ter um retrato fiel do terror e heroísmo dos milhares de soldados que marcharam nestas praias.
- Noite
A noite começa a cair, e entre muitos corpos estendidos no chão, as tropas aliadas começam a conquistar a praia. São feitas pequenas trincheiras defensivas e a tropa de tiros continua sem parar. Por cada metro conquistado, as forças aliadas perdem muitas vidas.
- Semanas seguintes
Um fluxo constante de reforços e mantimentos chegava às praias da Normandia, que agora sob o controlo total das tropas aliadas, tornava mais fácil o avanço dos militares. Foram criados vários portos artificiais chamados Mulberries, que se revelaram uma solução logística eficiente. Para espanto do alto comando alemão, até ao início de julho, mais de um milhão de soldados das tropas aliadas estavam em França, estabelecendo uma força avassaladora que avançava em direção a Berlim.
A operação foi um sucesso?
O Dia D marcou um ponto de viragem crucial na Segunda Guerra Mundial, abrindo caminho para a libertação da Europa Ocidental das tropas nazis. Apesar das baixas, foi um risco necessário para a eventual derrota de Hitler. Hoje, o legado do Dia D é celebrado e reverenciado em memoriais e museus ao longo das praias da Normandia. Estes locais servem para lembrar o preço da liberdade e do heroísmo daqueles que lutaram para restaurar a paz.
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