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Da excelência à união: um olhar sobre a grande competição

Os Jogos Olímpicos sempre foram uma plataforma para fomentar a amizade e a compreensão internacionais através da excelência física.

Chega ao Canal HISTÓRIA, em ano de Jogos Olímpicos em Paris, a série Os Jogos de Hitler, Berlim 1936, os Jogos Olímpicos que deram ao mundo a imagem de uma Alemanha aberta e pacífica e fez de Hitler o anfitrião triunfal dos países que em breve tentaria invadir. O paradigma oposto do que realmente representa este evento, que é mais do que um mero evento desportivo: é uma celebração do potencial humano, da resiliência e da unidade. Por isso, vem descobrir mais sobre este evento que tem como principal visão a promoção da paz e fraternidade através do desporto.

Os Jogos Olímpicos são um símbolo da harmonia internacional, do espírito desportivo e das proezas atléticas. De quatro em quatro anos, o mundo testemunha a convergência dos melhores atletas de todo o mundo, competindo numa variedade de desportos, personificando o lema olímpico: “Citius, Altius, Fortius” — Mais rápido, mais alto, mais forte. Este lema traduz a ideia de superação e luta pela excelência, inspirando os atletas a superarem-se dia após dia.

O início dos Jogos Olímpicos

As origens dos Jogos Olímpicos remontam à Grécia antiga, em 776 a.C., onde se realizavam num local chamado Olímpia, no sul da Grécia, e estavam profundamente enraizados nas tradições religiosas e culturais, sendo o principal evento onde os atletas competiam para honrar Zeus, o pai dos antigos deuses gregos.

Este era o grande evento, ao ponto de as cidades-estado em conflito declararem tréguas, durante período em que decorria, para que os seu atletas pudessem participar. Cinco por cento dos homens nascidos livres do mundo Helénico — período da história da Grécia e de parte do Oriente Médio compreendido entre a morte de Alexandre o Grande em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma em 146 a.C. — deslocavam-se ao Templo de Zeus em Olímpia.

Os Jogos Olímpicos tradicionais eram compostos pelos seguintes eventos:

  • Corrida de Velocidade;
  • Luta Livre;
  • Corrida de Bigas (antigo carro romano puxado por dois cavalos);
  • Pankration (um desporto de estilo luta derradeira).

Embora apenas os homens pudessem competir, havia um festival mais pequeno para as atletas femininas, este festival também realizado em Olímpia era dedicado à consorte de Zeus, Hera.

Estes jogos continuaram durante quase 12 séculos, até serem abolidos em 394 d.C. pelo imperador cristão Teodósio I que no seu governo baniu todos os festivais pagãos.

Jogos Olímpicos modernos

Só chegado o ano de 1896 é que os Jogos Olímpicos foram reativados em Atenas, através do Barão Pierre de Coubertin, inspirado pela tradição antiga e motivado por uma visão de promoção da paz e da unidade através do desporto.

A visão de Coubertin

Para eliminar as barreiras nacionais que impediam os intercâmbios desportivos internacionais, Coubertin organizou um congresso internacional para a harmonização das condições do amadorismo em Paris, em junho de 1894. O restabelecimento dos Jogos Olímpicos no contexto da era moderna, inicialmente colocado no fim da ordem de trabalhos, tornou-se efetivamente o ponto central das discussões. A 23 de junho de 1894, Coubertin fundou o Comité Olímpico Internacional (COI) de acordo com um plano de desenvolvimento preciso, com o lema olímpico: “Citius, Altius, Fortius” criado pelo Padre Henri Didon, amigo do Barão Pierre de Coubertin. Como representante do país anfitrião, o grego D. Vikelas tornou-se o primeiro presidente do COI, sendo Coubertin o secretário-geral.

Em 1896, Coubertin assumiu a presidência como representante do país anfitrião dos segundos Jogos Olímpicos, que se realizaram em Paris, em 1900. Foi reeleito várias vezes até abandonar o cargo em 1925. A sua direção, ainda que algo dominadora, foi muito bem-sucedida, pelo menos até ao final da Primeira Guerra Mundial. Nessa altura, teve de se adaptar às novas estruturas desportivas a nível mundial.

A estrutura dos Jogos Olímpicos modernos

A estrutura dos Jogos Olímpicos modernos envolve múltiplas fases, entidades e regras para garantir a boa execução deste grande evento internacional.

Os Jogos Olímpicos modernos dividem-se em edições de verão e de inverno, realizadas alternadamente de dois em dois anos. Os Jogos Olímpicos de verão apresentam uma grande variedade de desportos, incluindo atletismo, natação, ginástica e desportos coletivos como o basquetebol e o futebol. Os Jogos Olímpicos de inverno centram-se em desportos praticados na neve e no gelo, como o esqui, a patinagem no gelo e o bobsledding.

O evento começa com a tocha a ser acesa em Olímpia uns dias antes da cerimónia de abertura para poder ir de Olímpia até à cidade anfitriã. A cerimónia de abertura começa sempre com o hastear da bandeira do país anfitrião, seguida de um desfile dos atletas de cada país, sendo sempre a Grécia o primeiro país a desfilar seguido pelos outros por ordem alfabética com o idioma do país organizador, sendo este o último a entrar. A fase de competição dura aproximadamente 17 dias e termina com uma cerimónia de encerramento, onde três bandeiras são hasteadas:

  • a da Grécia para homenagear o berço dos jogos;
  • a bandeira do país organizador;
  • a bandeira do país dos próximos Jogos Olímpicos.

O presidente do comité olímpico faz o discurso de encerramento, os jogos são oficialmente encerrados e a chama olímpica é apagada. Este ano, os Jogos Olímpicos vão ocorrer em Paris entre o dia 26 de julho e 11 de agosto.

Os símbolos dos Jogos Olímpicos

Os Jogos Olímpicos são simbolizados por vários elementos-chave, cada um com um profundo significado e tradição:

  • Anéis olímpicos: cinco anéis interligados em azul, amarelo, preto, verde e vermelho sobre um fundo branco. Representam a união dos cinco continentes habitados (África, Américas, Ásia, Europa e Oceânia) e o encontro de atletas de todo o mundo nos Jogos Olímpicos;
  • Chama Olímpica: uma tocha é acesa em Olímpia, na Grécia, e depois retransmitida para a cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos. Simboliza a continuidade entre os jogos antigos e modernos, a luz do espírito, do conhecimento e da vida;
  • Lema Olímpico: “Citius, Altius, Fortius” encoraja os atletas a esforçarem-se por atingir a excelência e o aperfeiçoamento pessoal;
  • Medalha olímpica: cada Jogos Olímpicos tem o seu próprio desenho de medalha, embora certos elementos, como os anéis olímpicos, sejam normalmente incorporados.

Estes símbolos representam coletivamente os ideais e a unidade global do movimento olímpico, promovendo a paz e a amizade entre as nações através do desporto.

Momentos icónicos e legado

Ao longo da sua história, os Jogos Olímpicos produziram inúmeros momentos icónicos que transcenderam o desporto. As quatro medalhas de ouro de Jesse Owens nos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936, realizados sob o regime nazi, demonstraram o poder do desporto para desafiar ideologias. Os Jogos da Cidade do México de 1968 foram marcados pela saudação Black Power de Tommie Smith e John Carlos, uma poderosa declaração sobre os direitos civis.

Este são alguns dos momentos que retratam as palavras, inspiradas no bispo da Pensilvânia Ethelbert Talbot, que Pierre de Coubertin proferiu numa receção dada pelo governo britânico a 24 de julho de 1908, que acabaram por ser o credo dos Jogos Olímpicos.

 

“O importante na vida não é o triunfo, mas a luta; o essencial não é ter vencido, mas ter lutado bem.”

Não percas!

Os Jogos de Hitler, Berlim 1936, segunda dia 22 de julho, às 22h15, no Canal HISTÓRIA. Explora também outros temas no nosso blogue, e passa pelos outros canais.