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O adeus a Nelson Mandela, uma das grandes vozes pela igualdade mundial

Uma das vozes mais marcantes da história na luta pela igualdade dos homens partiu no dia 5 de dezembro de 2013, em Joanesburgo, na África do Sul. O mundo despediu-se com muita tristeza de Nelson Mandela, um símbolo contra o Apartheid, o regime de segregação racial que imperou na África do Sul entre as década de 40 a 90. Mandela morreu em casa, vítima de problemas pulmonares, contra os quais vinha a lutar nos últimos tempos. Galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 1993, o ex-Presidente da África do Sul (1994-1999) era casado com Graça Machel, uma política e ativista dos direitos humanos moçambicana.

“Bravo não é quem não sente medo, é quem o vence”, disse Nelson Mandela
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Além de Graça, Mandela teve mais duas esposas: Evelyn Ntoko Mase, entre 1944 e 1957, com quem teve quatro filhos, e Winnie Madikizela-Mandela, entre 1958 e 1996, mãe das suas duas filhas.

Depois de ter recebido mais de uma centena de prémios ao longo de quatro décadas, Mandela vinha a atuar como um célebre estadista, opinando em temas fundamentais da nossa atualidade. Na África do Sul é conhecido como “Madiba”, um título honorífico adotado pelos anciãos da tribo de Mandela. Muitos sul-africanos também se referem a ele como “mkhulu” (avô).

A VIDA DE MANDELA
Nascido a 18 de julho de 1918, em Mvezo, na África do Sul, Nelson Rolihlahla Mandela, formou-se em Direito e, ao longo da sua vida, prestou serviços à Humanidade e defendeu os direitos humanos. Quando era jovem, defendeu a resistência não violenta.

Contudo, as respostas do Governo às manifestações pela igualdade começaram a ser combatidas com violência e incluindo com o assassinato de alguns manifestantes. Mandela percebeu que era preciso partir para a resistência armada. “Foi só quando tudo o resto falhou e quando todos os canais de protesto pacífico foram bloqueados que se tomou a decisão de embarcar em formas violentas de luta política”, disse o líder no seu julgamento. Mandela foi julgado por traição, fugiu da Polícia e foi condenado a prisão perpétua. Acabou por passar 27 anos na cadeia, onde contraiu tuberculose, uma doença que lhe deixou sequelas para o resto da vida.

MAUS TRATOS NA PRISÃO
Durante o tempo que passou na prisão, Mandela transformou-se num símbolo internacional da luta contra o Apartheid. Os primeiros 18 dos seus 27 anos de encarceramento foram passados na prisão de Robben Island, um antigo local de leprosos, na Cidade do Cabo. Mandela acabou confinado a uma pequena cela, sem uma cama e sem as mínimas condições de higiene. Além disso, foi obrigado a fazer trabalhos forçados numa pedreira. Como um prisioneiro político negro, recebia muito pouca comida e tinha direito a muito poucos privilégios, pois só podia ver a mulher e as filhas de seis em seis meses.

Em 1982, Mandela foi transferido para a prisão de segurança máxima de Pollsmoor, também localizada na Cidade do Cabo. Em 1988, Mandela teve direito à prisão domiciliária. Com a eleição de F. W. Klerk como Presidente no ano seguinte e também por causa de toda a pressão internacional para a libertação de Mandela, ele foi libertado a 11 de fevereiro de 1990.

PRESIDENTE DA ÁFRICA DO SUL
Quatro anos depois, foi eleito Presidente da África do Sul. Mandela instituiu a Comissão da Verdade e Reconciliação para investigar as eventuais violações dos direitos humanos e políticos entre os anos de 1960 e 1994. Mandela introduziu ainda inúmeros programas sociais e económicos com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população negra na África do Sul. Mandela também tentou a união entre brancos e negros com o objetivo de evitar retaliações dos negros contra os brancos. Ainda formou um Governo de Unidade Nacional multirracial e proclamou o país como “uma nação arco-íris em paz consigo mesma e com o mundo”.

RETIRADA DA VIDA POLÍTICA
Nelson Mandela deixou a vida política em 1999, tendo continuado a sua luta pela paz e pela justiça social no seu próprio país e no mundo inteiro. Fundou várias organizações, entre elas a influente Fundação Nelson Mandela. Tornou-se um defensor da consciencialização sobre a SIDA e dos programas de tratamento, numa nação em que a doença se tornou uma epidemia. O filho Makgatho (1950-2005) morreu vítima desta doença.

Depois de ter feito quimioterapia por causa de um cancro na próstata em 2001, Mandela foi vítimas de outras doenças. Com a saúde já fragilizada, Mandela fez poucas aparições públicas nos últimos anos. Durante o Campeonato do Mundo de Futebol, na África do Sul, em 2010, muitos aguardavam ansiosos pela a sua presença na competição, mas um trágico acidente de viação acabou por matar a neta, precisamente depois da cerimónia de abertura do Campeonato, deixando Mandela de luto. Contudo, ainda compareceu em público, por uns breves três minutos, pouco antes da final.